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Comportamento 

A importância de manter o otimismo

Quando estreou em 2002, o programa Big Brother Brasil despertou nos telespectadores curiosidade e estranhamento. O interesse de muitos por esse tipo de entretenimento veio justamente do inusitado da situação, em que os participantes perdiam qualquer contato com o mundo externo, sendo obrigados a ficar confinados em uma casa. Passados 20 anos, precisamos admitir que a vida é sobretudo irônica. No momento em que mais uma edição do reality show é transmitida, não são apenas os participantes do programa que estão confinados, mas boa parte da boa população brasileira e mundial.
Isso tudo para que consigamos nos proteger da pandemia. Manter-se apartada de qualquer convívio social, no entanto, não é uma atitude fácil de se tomar. Problemas emocionais e psicológicos podem surgir deste isolamento. Nesse sentido, para o terapeuta transpessoal com especialização em constelação familiar, Robson Hamuche, antes de tudo, é necessário distinguir claramente o isolamento a que estamos submetidas atualmente da solidão. Esta pode ser sentida mesmo se a pessoa estiver rodeada de amigos, por exemplo. “Se ela já estiver repleta de pensamentos negativos e pessimismo, estar perto ou distante de alguém não fará nenhuma diferença”, justifica.
Dessa forma, de acordo com Hamuche, a experiência atual de confinamento não precisa necessariamente ser ruim, cheia de tristeza e solidão. “Em relação ao que estamos vivendo hoje, esse isolamento obrigatório, podemos encarar a situação de maneira negativa ou positiva, como sempre. Tudo depende de nós”, diz. Segundo o terapeuta, diante de tal situação, não é recomendável que fiquemos focadas exclusivamente na doença. Informações sobre o vírus e como evitá-lo são necessárias e sempre bem-vindas, obviamente. Contudo, sentar-se em frente à televisão e assistir apenas o crescimento exponencial do vírus e de como milhares de pessoas já faleceram em razão dessa doença, certamente acarretará problemas para a nossa saúde mental, gerando ansiedade e tristeza.
Apesar do momento difícil, é necessário que as pessoas se mantenham otimistas. “Elas devem estar conscientes do problema e tomando as providências necessárias para combatê-lo, mas repletas de pensamentos positivos e de esperança”, afirma o terapeuta. As pessoas podem usar o momento para se redescobrir, evoluir mentalmente e se sentir melhor. Entre as ações recomendadas por Hamuche em tempos de quarentena estão: a meditação, a leitura e até a arrumação da casa. Cuidar do corpo também é essencial, para isso exercícios físicos são indicados.
Quarentena não é sinônimo de férias e muitas pessoas continuam trabalhando em regime de home office. Para quem tem família, Hamuche sugere uma separação bem pensada das tarefas, afinal haverá outras pessoas com quem você estará dividindo o espaço. De nada adiantará esse tempo de isolamento, se você se dedicar apenas à função profissional. Nesse sentido, usar o tempo livre em casa para conversar com familiares é muito importante. “Aproxime-se, aproveite a ocasião para passar mais tempo juntos, ouça as dificuldades de seus familiares e entenda como pode ajudar”, sugere.
Por fim, o terapeuta acredita que essa situação delicada é um momento propício para que as pessoas reflitam e evoluam, pois estão tomando consciência de que os seres humanos são interdependentes. “Se eu for contaminado por essa doença, posso transmiti-la para outros, o que fará o mundo inteiro sofrer. Fronteiras não separam nada”, argumenta. Desse modo, de acordo com Hamuche, torna-se claro e evidente que não somos apenas indivíduos isolados, ou seja, que dependemos de muitos outros, e que precisamos agir de maneira conjunta para não sofremos ainda mais. “Precisamos aproveitar o ensejo para compreendermos que somos uma sociedade integral”, diz.

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